sexta-feira, 9 de maio de 2008

Meio Bossa Nova e Rock'n Roll

É bem clara a proposta de Cazuza de transgredir o próprio rock, sair do lugar-comum da rebeldia e fazer parte de um universo lírico-amoroso, cuja música nunca mais tocou, ou seja, os eternos desencontros do amor filtrados por uma atmosfera e uma sensibilidade consideravelmente poética.

Essa sua capacidade de coleta e reorganização de dados proporcionou uma grande riqueza às suas produções musicais e ao contrário do rock, já que sua alma era MPB. Cazuza fez o diálogo entre os vários estilos, usando toda a sua formação musical e cultural para criar algo diferente do velho rock, principalmente em sua atuação solo. Exemplar disso é a instigante letra de Faz Parte do Meu Show.

O eu-lírico está presente na composição e há ainda uma ênfase na função emotiva da linguagem e uma intensa carga emotiva egocêntrica.

"Não sou nada radical" afirmava ainda o cantor, porém nesses momentos ele parecia mais compositor anti-rock. A melodia de Faz Parte do Meu Show deixa bem claro que se trata de um entre-lugar meio Bossa Nova e Rock'n Roll, especialmente se lembrarmos dos violinos que ajudam a compor a música, uma configuração totalmente híbrida pela docilidade harmônica.

É esse Cazuza, todo meigo, que vem à luz em sua composição com maior aspecto de Bossa Nova, seja pelo ritmo, seja pela letra ou então pela conjunção das duas realidades que fazem do todo algo de grande qualidade e sensibilidade artística.

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