quinta-feira, 31 de julho de 2008

PRA SEMPRE CAZUZA

A vida veloz e cortante como um raio. Um relâmpago de poesia que iluminou a música brasileira pelas janelas escancaradas do rock. Vivendo cada minuto de seus 32 anos no planeta, Cazuza cantou como ninguém a dor e a delícia de sua geração. Pois aquele garoto que ia mudar o mundo, desejando todo amor que houvesse na vida, completaria 50 anos neste ano de 2008. Entre as homenagens ao compositor, morto em 1990, vítima da aids, este DVD apresenta imagens inéditas. Além disso, depoimentos emocionados que reuniu Caetano Veloso, Sandra de Sá e Ney Matogrosso, entre outros amigos e parceiros. Doido, amoroso, explosivo ou doce. Os adjetivos transbordaram sobre um consenso, espelhado na cadeira vazia que permanece intocada no acervo do compositor: Cazuza é insubstituível.



UNIVERSAL MUSIC
Título Original: Cazuza: Pra Sempre Cazuza
Ano de Lançamento: 2008
Recomendação: livre
Região do DVD: Multi-Região


Faixas
1. Exagerado
2. Medieval II
3. Por que a Gente é Assim
4. Vida Louca
5. Boas Novas
6. Ideologia - Part. Esp.: Frejat
7. Nosso Amor a Gente Inventa
8. Blues da Piedade - Part. Esp.: Frejat
9. Faz Parte do Meu Show
10. Todo Amor que Houver Nessa Vida
11. Codinome Beija-Flor - Part. Esp.: Simone
12. Preciso Dizer que Te Amo
13. Só as Mães São Felizes
14. O Tempo Não Para
15. Bete Balanço - Part. Esp.: Frejat
16. Um Trem para as... - Part. Esp.: Gilberto Gil
17. Brasil- Part. Esp.: Gal Costa
18. Clipe o Mundo é um Moinho
19. Depoimentos & Entrevistas
20. Clipe Faz Parte do Meu Show


terça-feira, 8 de julho de 2008

Cazuza, o ícone da Música Popular Brasileira


“A vida é bem mais perigosa que a morte” - Cazuza. Um dos maiores cantores da história do Brasil, Cazuza foi um ícone e para tanto ganhou um filme em sua homenagem. O longa ‘Cazuza’ de Daniel Filho e Sandra Werneck conta a vida do enigmático e sonhador artista que conquistou milhares de fãs em meados dos anos 80 e ainda vem conquistando mais admiradores, mesmo depois de sua morte. Suas músicas e frases marcaram época e estão por toda parte, encantando a todos que as ouve.A diretora do filme, Sandra Werneck, inspirou-se no livro “Só as mães são felizes”, escrito pela mãe de Cazuza, Lucinha Araújo para compor o longa. A mãe do artista conta no livro a respeito da sua convivência com o filho e suas reações diante dos comportamentos de Cazuza, desde a fama com o Barão Vermelho, à carreira solo e à morte, em que foi vítima da Aids.O elenco do filme é formado por atores globais, como Marieta Severo, que viveu dona Lucinha, Reginaldo Faria, que fez o pai do cantor, Pedro Paulo Rangel, Andréa Beltrão e Débora Falabella. O astro do longa é interpretado por Daniel de Oliveira, que soube encarnar o cantor de maneira idêntica, ele chegou a emagrecer 20 quilos para caracterizar Cazuza em sua fase terminal de vida. A interpretação de Daniel foi tão perfeita que houve cenas em que ele próprio cantou as músicas do homenageado.O filme recupera a fase jovem da vida de Cazuza, seu encontro com os músicos que futuramente formariam com ele o Barão Vermelho, sua carreira solo, sua dependência com as drogas, sua opção sexual e os momentos finais de sua história em que, já debilitado pela Aids resolveu encarar a doença, assumindo-a e fazendo shows. Dona Lucinha foi quem mais sofreu com a doença do filho, mas também soube lutar junto com o marido em busca da cura. No filme, Marieta Severo mostrou-nos a garra de uma mãe que acreditava no talento do filho e em seu sucesso.A incansável busca do artista pela liberdade não conhecia limites e se refletia em todas as áreas de sua vida – nas relações afetivas, nas novas experiências, no amor pelo perigo, na criação artística. Ele logo descobriu que a música era a melhor maneira de expressar seus pensamentos e anseios, a partir disso Cazuza compôs músicas que refletiam todos seus sentimentos e passou a encantar multidões de brasileiros. O cantor morreu aos 32 anos, em 1990, e até hoje suas músicas são lembradas e cantadas.

Cazuza e o retrato do artista quando jovem



Sob maciça campanha de marketing da TV Globo estreou Cazuza – O Tempo Não Pára, dirigido por Sandra Werneck (de Amores Possíveis) e Walter Carvalho (mais conhecido como diretor de fotografia, mas já experiente em direção como co-diretor do documentário Janela da Alma). O filme é baseado no livro de Lucinha Araújo, mãe do músico, Só as Mães São Felizes, e em depoimentos recolhidos pela produção com pessoas do convívio do cantor e compositor morto em 1990 de Aids. Ao corte final de Cazuza, tem-se uma obra que exibe um artista rebelde, em certo ponto mimado, nascido para a transgressão, apesar de não-nociva à sociedade, em que seu lema parece ser o carpe diem, aproveite o dia. Cazuza foi até morrer um bon vivant, amante das drogas, do sexo casual e homossexual, mas, acima de tudo, da música. Sua música era seu alvo maior, todo o resto parece ser apenas parte integrante desse todo que foram suas composições, desde o tempo do Barão Vermelho até as letras solo. Se um filme sobre um artista é quase sempre feito para mitificá-lo ou, pelo menos, manter sua aura de artista, Cazuza consegue algo paradoxal: ele introduz a figura de Cazuza como um porra-louca (lembremos que a ordem está dentro da desordem), mesmo quando doente e às vésperas da morte, sem se apegar a artifícios próprios da mitificação fácil. Cazuza era maconheiro, homossexual, desobediente e indisciplinado – isso tudo está nas telas –, mas, ao mesmo tempo, era um cara sensível, romântico, desamparado – e isso está apenas em suas canções. Dentro de Cazuza – O Tempo Não Pára, temos esses dois Cazuzas unidos pela linguagem visual e pela linguagem sonora. Da interpretação do personagem e sua personalidade sedutora e rebelde acompanhamos o som de suas músicas, no início mais agitadas devido ao diálogo com o rock’n’roll, mas depois mais líricas, carregadas de melodias e sentimentos. Nesse retrato dúbio do personagem está a grandiosidade desse filme, saber costurar tão bem vida e obra, fechando um ciclo que no fundo é o que se pode absorver do artista. O filme começa com uma seqüência muito representativa. Temos Cazuza caminhando em direção a uma casa com andar descolado, cabelo desarrumado e óculos de sol redondinho. Dirige-se à casa que seria de um dos membros de uma banda. Ele entra, logo pega um baseado, o microfone e se põe a cantar. Estava formado o Barão Vermelho. Eis o mote de Cazuza no filme: tudo com ele seria assim, feito e realizado com intensidade, na intempestividade do momento. A gravação com o Barão, o primeiro romance homossexual, as brigas com os pais, a rápida passagem pela prisão por excessos da juventude etc..
O que mais impressiona em Cazuza – e disso dependia a qualidade final do filme – é a atuação de Daniel de Oliveira. O ator canta, dubla, se relaciona, se entrega por inteiro ao retrato do artista que propõem fazer os diretores. Ele, Cazuza, domina amplamente a tela e essa obsessão pelo cantor reflete, talvez, o seu lado mais egocêntrico. Claro que são conjecturas dizer que ele era egocêntrico ou qualquer outra coisa, mas, pelo que se vê no filme, Cazuza era ele e nada mais. Cazuza, para Cazuza, se bastava. Era um auto-suficiente ou, no jargão da biologia, um ser autótrofo. É a impressão que fica quando temos sua saída do Barão Vermelho, mesmo sob pedidos ostensivos de Frejat, a relação de independência perante os pais permissivos, principalmente a mãe, e seus romances homossexuais sem apego emocional. Certamente que dentro da porra-louquice do cantor e compositor houve espaço para o drama da sua luta contra a Aids. E é aqui que o filme perde em ritmo, mas ganha em emoção, pois entra em cena a participação não apenas ilustrativa dos pais, interpretados por Marieta Severo e Reginaldo Faria. Cazuza emagrece, perde forças, mas continua a compor e a viver. Não deixa de fumar, mantém certa rotina de encontrar amigos para a farra, pois sabe que o fim está próximo e que não terá muito o que fazer na eternidade. Nessa toada, um amadurecimento do artista se processa, e sentimos isso mesmo no filme, com as músicas mais harmoniosas, reflexivas e, em certa medida, desesperadas. Da paranóia e vivacidade das canções com o Barão Vermelho, Cazuza parte para a melodia mais carregada de emoção e letras mais apaixonantes que questionam certas convenções. A direção musical é sem dúvida o que dá ao filme sua forma exuberante, pois Cazuza – O Tempo Não Pára é um álbum de fotos musicado do cantor. As músicas inseridas em cada contexto, como a narrar o que se passa com seu autor, ajudam a compreender o mundo que vivia Cazuza. O mundo dos anos 80, da volta da democracia ao país e os jovens a sair de suas tocas. A liberdade reconquistada e por sua geração pela primeira vez experimentada. Prenda um homem por 20 anos desde seu nascimento e depois o solte à sociedade. A forma de extravasar de Cazuza foi a que vemos no filme – sexo, drogas e rock’n’roll. Alguém haveria de condenar?